Primavera
(...) Sente-se que tudo mexe, é uma nova vaga que brota do Cosmos e daqui a muito pouco tempo, sobre a Terra, as flores, as árvores, os pássaros ... que adornos! Eis um dos mais extraordinários fenómenos da vida: a Primavera.
Em cada ano, tudo se renova... Sim, tudo excepto os humanos! Esses ficam tais como são, não se põem em sintonia com esta renovação. Eles sentem bem que se passa qualquer coisa no ar, mas não se deixam influenciar. É preciso que aprendam a abrir as suas portas e janelas para que esta vida possa penetrar neles e impregná-los. (...) Porque é pena que esta renovação se produza só na Natureza, e que os humanos, demasiado concentrados sobre coisas velhas, quase não dêem por ela. É preciso estar livre, desapegado, e receber de braços abertos esta vida nova.
(...) Este período do equinócio da Primavera é muito importante. (...) Utilizá-lo para fazer todo um trabalho de purificação, de regeneração. Sim, não basta notar que os pássaros cantam, que as flores crescem e que as pessoas estão um pouco mais alegres. Há todo um trabalho a fazer, um trabalho de renovação. Quando vindes, pela manhã, assistir ao nascer do sol, não devereis pensar senão nesta renovação. Deixai todos os outros assuntos de lado, tudo o que já está velho e caduco, e concentrai-vos unicamente na nova vida para poderdes entrar em comunicação com a enorme corrente que brota do coração do Universo. (...)
Como é possível não se ver que toda a Natureza pensa em nós? Em cada ano, pela Primavera, ela envia-nos todas as energias e estimulantes de que temos necessidade para o resto do ano, e cabe-nos a nós não os deixar passar sem guardar nada.
Fonte:
AIVANHOV, O. Mikhael. O Natal e a Páscoa na tradição iniciática. Lisboa: Edições Prosveta, 1982, pp.77-79