... a partir das palavras do Padre-Poeta Tolentino Mendonça:
"Advento,
tempo de espera. Não apenas de um dia, mas daquilo que os dias,
todos os dias, de forma silenciosa, transportam: a Vida, o mistério
apaixonante da Vida que em Jesus de Nazareth principiou.
Advento,
tempo de redescobrir a novidade escondida em palavras tão frágeis
como "nascimento", "criança", "rebento".
Advento,
tempo de escutar a esperança dos profetas de todos os tempos. Isaías
e Bento XVI. Miqueias e Teresa de Calcutá.
Advento,
tempo de preparar, mais do que consumir. Tempo de repartir a vida,
mais do que distribuir embrulhos.
Advento,
tempo de procura, de inconformismo, até de imaginação para que o
amor, o bem, a beleza possam ser realidades e não apenas desejos
para escrever num cartão.
Advento,
tempo de dar tempo a coisas, talvez, esquecidas: acender uma vela;
sorrir a um anjo; dizer o quanto precisamos dos outros, sem vergonha
de parecermos piegas.
Advento,
tempo de se perguntar: "há quantos anos, há quantos longos
meses desisti de renascer?"
Advento,
tempo de rezarmos à maneira de um regato que, em vez de correr,
escorre limpidamente.
Advento,
tempo de abrir janelas na noite do sofrimento, da solidão, das
dificuldades e sentir-se prometido às estrelas, não ao escuro.
Advento,
tempo para contemplar o infinito na história, o inesperado no
rotineiro, o divino no humano, porque o rosto de um Homem nos
devolveu o rosto de Deus".