Desde ontem que Saraswati é reverenciada.
O seu nome significa “aquela dos muitos lagos”, em referência à
abundância de água que corria antigamente. Os Vedas dizem que o rio
Saraswatī era muito forte, tinha um grande volume d’água e que
corria eliminando todos os obstáculos, assim como o charreteiro com
sua carruagem. Assim, outro significado é atribuído ao seu nome,
como “aquela que flui”. Sendo aquela que flui, Saraswatī é
frequentemente equiparada a Vāk , a fala, que flui da boca do mestre
para o ouvido do discípulo. Desta forma, os Vedas associam Saraswatī
ao conhecimento, transmitido oralmente por gerações. Ao mesmo
tempo, há outra explicação para a associação de Saraswatī ao
conhecimento. Digamos que há um jarro de metal sujo, que julgamos
precisar ser limpo com água. Mas, ao nos aproximarmos, constatamos
que as supostas sujeiras nada mais são que sombras. Imediatamente o
jarro torna-se limpo, pois percebemos então que não havia sujeira.
Neste momento, não vemos mais um jarro sujo, mas um jarro limpo, e
não houve nenhuma transformação para que o jarro se tornasse
limpo, apenas o conhecimento de que o jarro já está limpo. Assim,
melhor que a água que purifica através de um processo transformador
de limpeza, o conhecimento limpa sem transformar nada, apenas
evidenciando que não há sujeira. Portanto, o conhecimento é
considerado o maior agente purificador, sendo simbolicamente
associado com a água. Devido a isto, Saraswatī, com todo o seu
volume d’água, é também aquela que purifica e abençoa com o
conhecimento. Este simbolismo se estendeu ao restante dos rios
indianos, que até hoje são exaltados como aqueles que eliminam todo
o pāpam e a ignorância.
Pedimos
à deusa que a nossa caminhada seja repleta de discernimento,
clareza, verdade e arte.
Fonte: Devi o aspecto femino do todo, por
Patrick van Lammeren