25 julho 2012

O Canto dos Seres: Saudade da Natureza



"No horizonte oriental, o nascente, vê-se uma luz esparsa, mal se percebe ainda o que virá. Os pássaros movimentam-se, ouço-lhes já o canto como um augúrio do novo dia. Ao fundo um rouxinol magnífico canta, o seu timbre puro reverbera quase sem obstáculo por distâncias imensas. O alvoroço toma os seres e eu mesmo sou tomado por um quê de frenesi, uma expectativa, uma esperança. É o momento do milagre e com o canto dos pássaros e a luz nascente, brota em mim o murmúrio de uma oração. A oração é o pensamento humano mais perfeito, o mais belo de todos; é onde as palavras recuperam toda a sua dignidade ascensional, é quando deixam de designar coisas, para serem a expressão de uma aspiração, do finito ao infinito, do particular ao universal, da criatura ao Criador.
Oro em voz alta, não é uma prece, pois não peço nada; é apenas um acto espontâneo de agradecimento e deslumbramento. As minhas palavras cruzam-se com o vozear dos pássaros e, no horizonte, unem-se à luz cada vez mais intensa."