27 outubro 2011

Nutrição Ayurvédica


Food, anna, is the first sanskrit word for Brahman, the Supreme Godhead. Everything in the universe is food. The inner Self, Atman, is the eater of the food which is everything. All that we see is food for thesoul. Our development as a soul depends upon our ability to eat and digest the food that is our life (...)1.

A Ayurveda preconiza uma nutrição estruturada em três pilares:

- respeito pelo Ser, implicando um conhecimento de si e reconhecendo os cinco elementos na constituição individual, nos alimentos e no respectivo funcionamento do corpo-mente-espírito
- respeito pela Natureza, conhecendo os sinais rítmicos e simbólicos desta mesma, materializados através das estações, das luas e dos horários e comendo segundo esta leitura
- respeito pelo fogo digestivo, conhecendo os ritmos internos pessoais

O saber qual a nossa constituição individual (prakriti) permite-nos viver de forma um pouco mais sintonizada, pois através das combinações dóshicas (vata, pitta, kapha) percebemos as suas manifestações no nosso Ser, uma vez que estamos a relacionar-nos com uma composição de elementos do Universo.
Os cinco elementos estão presentes no corpo tal como nos alimentos. Os alimentos são encarados como um manter da energia vital (prana) e dependendo da qualidade do seu prana têm determinados efeitos na nossa consciência. Uma dieta promotora de saúde, felicidade e satisfação expressa-se através de seis sabores: doce, salgado, ácido, picante, amargo e adstringente. Cada um destes proporciona uma característica necessária para o funcionamento harmonioso do metabolismo. Como tal, as refeições devem ser preparadas com a inclusão destes seis sabores, sendo que o sabor doce deve ser o dominante na refeição principal do dia, os picantes, salgados e ácidos devem ser utilizados com moderação enquanto secundários e dependendo das estações e os adstringentes e amargos como minoritários e igualmente à luz das estações.
Mas atenção! Os doshas podem ser aumentados ou diminuídos pelos vários sabores. Podem ser aumentados pelos sabores que tenham a mesma composição elementar e diminuídos pelos que possuam uma composição oposta.
Ou seja, desvelar uma dieta adequada à nossa combinação dóshica é uma poderosa ferramenta através da qual podemos fazer escolhas mais esclarecidas relativamente ao que necessitamos ou não para nós próprios.

Outro factor importante para uma nutrição consciente é a leitura da Natureza. Cada estação tem características únicas, com ritmos cósmicos específicos, tal como a nossa natureza metabólica. E no seguimento desta fluidez, e uma vez que tudo é energia e que nos interrelacionamos constantemente com o Universo, os alimentos provenientes da estação que vivenciamos são os mais adequados, pois a sua ingestão é sinónimo de reverência perante o que está a ser dado pela Natureza através do local onde vivemos. Ao estar em sintonia com a energia da Natureza apaziguamos também o nosso fogo digestivo.

Por último, o agni. Apesar de ser fundamental considerar o que comemos, o ponto mais importante é, sobretudo, a nossa capacidade de digerir o que comemos. Quando a Ayurveda referencia a capacidade do estômago em "armazenar" determinadas quantidades, essa ideia remete-se sim para a qualidade da digestão - alimentos não digeridos não são absorvidos, formando toxinas que bloqueiam e dificultam o transporte adequado das substâncias no nosso corpo, desequilibrando o bem estar geral.  






1FRAWLEY, David. Yoga and Ayurveda, Delhi: Motilal Banarsidass Publishers, 2004